Sobre mim, respondendo
a indagação “sobre você” das redes sociais e blogs, sou um mero escritor. Não
tenho esse afazer como profissão. Sou amador, no sentido mais literal da
palavra: amo escrever. Não faz meu estilo seguir estilos; não os tenho, nem os sigo. É bem
verdade que no início, como principiante que era, tentei grotescamente imitar
algum ou outro escritor admirado. Não vou aqui citá-los para não os envergonhar
em está-los comparando comigo. Hoje tenho minha própria personalidade, gostem
alguns ou não. Escrevo sem critérios, sem coerência de contexto textual (isso
existe?). Não preservo regras castradoras da minha imaginação fictícia sempre
partida do real. Afinal, afirmo e confirmo que a ficção é invenção e não
mentira. E nessa minha escrita real ficcional, vêm narrativas que até a mim
surpreende, por estranhas que são umas às outras. Admito fazê-las
propositalmente para que não me repita e, assim, a paixão que sinto pelo fazer
literatura como namoro, não vire casamento e acabe. Necessito continuar sendo
amador.
Escrevo sem,
sequer, usar técnicas. Aqueles esquemas previamente pensados. Em muitos dos
meus textos não se identifica nem ao menos início, meio e fim. Eles existem,
mas tem que se ter imaginação de leitor sem critérios. Porém, sou atento ao que
meus críticos dizem. Sou aprendiz; amador como já disse e reafirmo.
A impressão que
tenho sobre o pretenso escritor que sou é a de que tenho sido vários. O que escrevo
autobiográfico, basicamente parte do que vivi em determinado momento do meu dia,
é transformado em ficção (“aumento, mas não invento”). E como os dias são seguidos
de dias, cotidianamente nem tudo é igual, escrevo o que ocorreu de inusitado pra
ter uma maior sensação de intensidade de vida. E para ainda aumentar o grau e
diversificar o gênero dessa minha loucura, preciso não ser a mesma pessoa todos
os dias da minha vida até que a morte me separe de mim.
Desde que vim pra
este mundo, tenho por identidade o nome Sérgio Nascimento e com ele, no passado,
assinava meus escritos. Descobri mais tarde já existir um poeta de mesmo nome e
mais conhecido do que eu e, para que não se confundissem as qualidades poéticas
(confesso, nunca li nada do xará), decidi apenas fazer uma variante, como
Nascimento em hindu é Janma... então, Sérgio Janma. Mas ele só já não me basta.
Não tenho mais uma só identidade. Agora sou muitos.
Transfiro para
esses dígitos toda essa minha ladainha mental, apenas para lhes dizer que, como
Fernando Pessoa, atentando, é claro, ao imensurável desnível proporcional entre
nós dois, assumirei meus alter-egos. Alter-egos que vinham sendo subservientes
ao meu inflado EU. Tenho tentado, já de algum tempo, como se fosse o próprio Teseu, matar esse minotauro dentro de mim,
mas são muitas as serpenteadas vias, ruelas e becos deste labirinto interior
criado pelo Dédalos que também sou. Ferimo-nos mutuamente. Garanto a mim
e aos outros “EUS”, bem como a todos os que chegaram até aqui nessas linhas
finais, escritas pelos fios de um desenrolado novelo de lã que me dá a direção
das saídas, que estou muito próximo do golpe fatal. Aquela seta certeira da
espada mágica do amor que sempre vem salvadora na hora certa, pondo um fim que
será o começo de outra nova vida que durará enquanto durar. Desta forma, estarei
vencendo mais esse obstáculo que o destino, ou a vida, pôs e impôs no meu
caminho. Poderei, enfim, dizer: O MEU EU NÃO MAIS EXISTE. Apenas EXISTO, sendo
muitos indivíduos e, ao mesmo tempo, ser todos e ninguém. Tornar-me LIVRE para
narrar a vida do jeito que ela quiser se me apresentar.
Bem, quanto aos
nomes dos meus alter-egos, não faço a mínima idéia quais sejam; ainda não fomos
formalmente apresentados. Só os sinto dentro de mim com todas as suas forças.
Por enquanto, apenas
Sérgio Janma.
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