"Leia como quem beija, beije como quem escreve"
(Maxwell F. Dantas)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ciclo Vicioso


Berços dos arrozais.
Berços dos trigais...
Berços queimados na sua passividade.
Passos do calor a ceifar a vida
na estação do sarcasmo.
Insanidade do fogo.
Berços banhados pela lava escaldante.
Feito esperma de homem em orgasmo
explodiu da mansidão dos montes
e veio se perder em passeios
entre plantações e moinhos.
Marcha nupcial do fogo
bailando sobre os campos.
Noite intragável
deságua em rumores
e engole os grãos dos ramos.

Homens e animais
tornados pedras
salinas
expõem-se para a eternidade
cansada
numa proteção de braços caídos.
Silêncio da vida.

Líquido fogo borbulhante
escorrendo entre as aragens
dos campos minados de adubo
umedecendo a fertilidade
do ventre da terra em cio
para o parto de uma nova geração.
Barro da vida.
Força eterna do fruto.

No tempo em que as lagartas
já se terão tornado borboletas
novos homens nascerão crianças
nos berços dos arrozais e dos trigais
preparados para um outro ciclo da vida...
eterna filha pródiga do tempo.

Sérgio Janma


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