"Leia como quem beija, beije como quem escreve"
(Maxwell F. Dantas)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

CANTADA FRUSTRADA – Cláudia Fleig Mayer –


- Meu doce, meu bem, por favor,
Vamos... vamos fazer amor?
- Não meu benzinho, eu lamento,
Mas só depois do casamento.
-Você não nota que não dá?
Para eu agüentar até lá?
- A vontade não é só minha:
Prometi para a mamãezinha.
-Isso até parece piada...
Pena que não é engraçada!
-Verdade amor, e di go mais:
Jurei casar virgem aos meus pais.
- Só que não vejo nenhum nexo
Nessa idade viver sem sexo!
- Lembre: perder a castidade
É um passo para a maternidade.
- Isso não chega a ser motivo:
Vamos usar preservativo!
- Não! Sei que é legal, mas não quero.
Não tenho pressa e espero.
- Não queira me levar a mal...
Mas sexo é fundamental!
- Esse papo está deprimente.
Já disse que não! Não me tente!
- Por que não devemos fazer
Algo que só nos dará prazer?
- Você sabe que eu gostaria,
Só que em outra hora, em outro dia!
- Afinal, se você me ama,
Que mal há em irmos pra cama?
- Já disse que não! Que não dá!
Depois do casamento, tá?
- Nem um motivo eu vejo
Prá desperdiçar o desejo.
- Não faço! Não quero! Desista!
Vamos casar, seja otimista...
- Só que eu não entendo.
O que está acontecendo?
- Benzinho... Não posso fazer...
Tente ao menos... me compreender...
- Mas não vejo motivo válido...
Credo! Como você está pálido!
- Confesso: não tenho ereção!
Entende agora a situação?!
- Assim não há santo que agüente!
Três horas cantando um impotente!!!

* Essa é da metade da década de 80. Redescobrir esse diálogo feito por Cláudia F. Mayer nas minhas pastas antigas.




2 comentários:

  1. confesso que achei engraçado.
    Bem bolado!

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  2. Esse poema fez parte de um recital apresentado em um teatro de Porto Alegre, do qual participei. Tempos bons aqueles...

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